SERRA AMARELA

Rio Homem, no interior da Serra Peneda-Gerês Por vezes somos levados a pensar que apenas noutros países, sobretudo tropicais, pudemos encontrar habitats paradisíacos onde a natureza permanece livre da influência nefasta do Homem. No entanto, no norte do País podemos encontrar rios de águas claras e onde fauna e flora prosperam, o rio Homem é um desses casos… Todos nós já lemos sobre biótopos como os grandes lagos africanos, ou sobre a bacia do rio Amazonas e as inúmeras espécies que os habitam, pensado nisso e tendo consciência do desconhecimento geral que a maioria dos aquariofilos tem sobre os biótopos nacionais, parti para as férias munido de uma máquina fotográfica e muita vontade de explorar, tendo o Parque Natural da Peneda-Gerês como destino. Assim sendo, nestas férias retornei a um local que conheço bem, o vale do rio Homem. Este rio é um afluente do rio Cávado, nasce na Portela do Homem (serra do Gerês), fronteira entre Portugal e Espanha e percorre toda a serra Amarela. A Serra Amarela é a nona maior elevação de Portugal Continental, com 1345 metros de altitude. Situa-se no Alto Minho, fazendo parte do sistema montanhoso da Peneda-Gerês. A bacia hidrográfica do Rio Cávado inclui assim o vale do Rio Homem, que depois de percorrer a serra Amarela desagua no Cávado na confluência dos concelhos de Vila Verde, Amares e Braga. O rio Homem é o principal afluente do rio Cávado. Estas fotografias foram tiradas no Concelho de Terras de Bouro, num dos muitos troços do rio, e numa zona totalmente livre de esgotos habitacionais, e onde a vida animal ainda permanece, embora já tenha sido necessário repovoar as populações de peixes. De salientar ainda que a pesca nesta zona é proibida, tendo sido uma medida tomada após o quase desaparecimento das espécies de peixes existentes no rio. Actualmente e após acções de repovoamento das espécies, o rio possui novamente a “vida” de outrora. As espécies de peixes que podemos encontrar neste rio são a boga (Chondrostoma polylepis Steindachner), escalo (Leuciscus sp.), Enguia (Anguilla anguilla), Truta-Arco-Íris (Onchorynchus mykiss) e Truta-de-Rio (Salmo trutta). Em barragens como Vilarinho das Furnas podemos encontrar a Carpa (Cyprinus carpio), pois as temperaturas nas águas profundas nunca atingirão valores inferiores a 12 graus Celsius, nas quais a carpa não teria condições de sobrevivência.

O trajecto do rio ao longo do vale é sobretudo constituído por rápidos, zonas em que a água atinge grandes velocidades.

Uma das paisagens naturais possíveis de se encontrar ao longo do rio.

O fundo do rio é constituído por rochas de granito onde os peixes buscam refúgio de predadores mas também onde cobras de água preparam emboscadas. A areão que constitui o leito do rio é ele também de origem granítica, sendo o resultado das agentes de erosão.

Alguns do peixes possíveis de se fotografar, ainda juvenis com menos de 2 anos e um comprimento dos 6 aos 10 centímetros. Os adultos encontram-se em zonas mais profundas ou entre as rochas nos rápidos do rio.

A folha de uma planta de margem do rio, Alisma sp., esta embora não seja uma planta totalmente aquática, aguenta longos períodos submersa. Estas morrem durante o Inverno devido às baixas temperaturas, que podem atingir os 8 ºC, voltando a rebentar na primavera seguinte, assim que temperaturas mais amenas regressem.

A flor da planta, Alisma sp., que irá permitir que no próximo verão estas plantas voltem a povoar o rio.

Uma planta ainda por identificar. Sendo totalmente aquática, lança as suas folhas para a superfície.

Lentilha-de-Água (Lemna sp.) é uma planta que “espontaneamente” surge em qualquer curso de água em Portugal. É uma planta que, além de boa oxigenadora, remove o excesso de nutrientes da água sendo por isso muito nutritiva para aves e alguns peixes. Como o seu nome comum inglês “Duckweed” ou “Duck's Meat” indica, é uma planta muito usada na alimentação de patos. É bastante vigorosa no seu crescimento, colonizando muito rapidamente as zonas onde se instala, de facto, em condições ideais a área ocupada pelas plantas pode duplicar em apenas alguns dias. No rio Homem surge em zonas de águas paradas, sobretudo em “poças” formadas a seguir ás chuvas e enchentes do rio. As rãs e insectos aquáticos utilizam-na como refúgio contra predadores.

Pequenos diques formados pelas rochas, e um exemplo da forma como é realizada a oxigenação do rio.




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